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Manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos ainda é a melhor forma para prevenir a doença e garantir um envelhecimento com qualidade de vida

No Dia Mundial do Alzheimer, 21 de setembro, dedicado à conscientização sobre os efeitos da doença, a enfermeira e professora aposentada da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Sílvia Maria Azevedo dos Santos chama a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce desta enfermidade neurodegenerativa progressiva.

De acordo com a enfermeira Sílvia, entre as pessoas que apresentam predisposição para a doença, apenas 3% desenvolvem o Mal de Alzheimer de forma hereditária. “A causa ainda não está resolvida e, possivelmente, não é apenas genética, já que acomete pessoas mais velhas, sem histórico de Alzheimer na família”, explica.

A doença atinge, geralmente, pessoas idosas, o que não quer dizer que todas as pessoas mais velhas desenvolvam a enfermidade, mas a predisposição para desenvolvê-la pode aumentar conforme a idade, acrescenta Sílvia. O Alzheimer é responsável por deteriorar a capacidade cognitiva do cérebro, além da memória.

Atividade física ajuda no tratamento

A ciência não tem uma resposta ainda para a causa do Alzheimer, e este é um dos motivos que dificultam a prevenção. Mas, manter uma alimentação saudável, praticar exercícios, interagir socialmente e fazer atividades que ocupem outras áreas do cérebro, como bingo e até jogos de palavras é uma forma de prevenção, explica Sílvia. “Ter uma vida equilibrada não dá garantia de que você não vá desenvolver a doença, mas melhora a qualidade de vida”, completa a enfermeira. 


A enfermeira ainda destaca as atividades físicas como uma das tentativas com mais respostas positivas para quem já desenvolveu a enfermidade e está em fase inicial. “Eu acredito que no próximo século vamos entender melhor a doença e encontrar o seu tratamento. Tem muitas pessoas estudando”, comemora Sílvia.

Evolução e fases

De acordo com a enfermeira Sílvia, a doença tem evolução longa, entre 15 e 20 anos, mas os sintomas podem ser observados até dez anos antes com “pequenos equívocos e lapsos de memória”. 

Durante a fase inicial e intermediária, alterações de comportamento  aparecem e a memória começa a ser afetada. “O doente se desorienta no tempo e espaço e perde a capacidade de julgamento. Por isso, pode se colocar em situações de perigo, como abrir a porta para estranhos ou se perder no caminho de volta para casa”, explica.

“É raro esta doença acontecer antes dos 60 anos, mas existem casos”, alerta Sílvia.

Na fase final, também chamada de fase três, a pessoa está acamada. “Neste momento o doente não lembra mais dos familiares e já perdeu a capacidade cognitiva”, afirma Sílvia. A coordenação motora também é afetada e, por isso, a pessoa tende a depender de outra para realizar tarefas simples.

Cuidados com o cuidador

Um ponto importante, de acordo com Sílvia, e que merece atenção é o cuidado com os cuidadores, pois no decorrer dos anos a tarefa pode ser tornar cansativa para toda a família, que precisa lembrar as pessoas doentes de realizar tarefas simples, como ir ao banheiro ou comer. O paciente pode não saber nem o caminho do banheiro, por exemplo, e é preciso levá-lo para que não se perca dentro de casa.

“Por ser uma doença de evolução longa, ela se torna uma doença familiar; e o cuidador precisa ser a memória da pessoa doente”, destaca a enfermeira.

Como o cuidador, geralmente, também é uma pessoa idosa, Sílvia conta que a pessoa pode ficar estressada. “É uma doença cansativa para quem está cuidando, tem momentos que é preciso ter muita paciência.”

Em Santa Catarina existem dez grupos de ajuda para famílias que convivem, diariamente, com pessoas com Alzheimer. “É um espaço para entenderem sobre os comportamentos dos doentes e aprenderem a lidar com todas as situações. É um espaço de respiro, de esclarecimento para os familiares”, explica a enfermeira.

Sílvia observa que há cuidadores que interpretam muitos comportamentos como birra ou implicância. “Por isso, é necessário aprendermos estratégias de cuidado, para evitarmos os conflitos e suavizarmos estes momentos”, comenta.

Fonte: ND+, DIANE BIKEL